segunda-feira, 28 de abril de 2014

~Intangível~

Para fazeres o que querias, mobilares a casa e apetrechá-la como te apraz, precisas de dinheiro. Para teres dinheiro precisas de trabalhar em muitos sítios ao mesmo tempo, descansar nada e encheres-te de mau humor e energia esgotada. Esgotante? Não, esgotada. Porque já a esgotaste com o tanto que trabalhaste.
Finalmente tens o pesado e suado dinheiro nas mãos. Pagas os caprichos que colocas na casa, da qual não usufruis porque trabalhas como escravo nas plantações de algodão, dás cabo das costas e irritas-te.
Tens uma casa florida e tempo nenhum para a aproveitares.
Chegas ao fim do ano com o dinheiro da viagem. A vontade esgotada. O equilíbrio de alma findo. Os pés cansados, as mãos dormentes, a alma reduzida a um descanso pretendido de que não se aufere usufruir.

Também se pode escolher não trabalhar, não ter dinheiro para nada. Não sair de casa no tempo morto. Apodrecer-se de quereres e sonhos intangíveis. Nada se fazer, para não se cansar quando tivermos tudo.
E ainda dizem que não são felizes os que não sonham, os que não querem, os que não esperam. Os que vivem o momento, os que caminham ao som das badaladas do sino da igreja. Os que sabem quanto tempo podem despender numa conversa desinteressada sobre o próprio tempo. Os que não caminham com pressa para fazer o almoço, o jantar ou o piquenique.

benditos sejam os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus ...

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