quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Há pessoas assim ...

Há pessoas que não se podem olhar de frente.
Que nos despem com um pestanejo, e nos infligem uma suspensão de ar no peito.
E o que mais custa é quando no meio de um consultório estamos, e a articulação entre o ar que entra e as palavras que saem [deve] ser milimétrica.

Não que lhes tenha alguma devoção. Não que por elas me apaixone. Nada disso.
É algo kármico, inexplicável, como uma dependência que ali, naquele espaço e naquele tempo não se explicasse.

Lembro-me de ter inspirado, como quem sorve o mundo, quando de mim se despediu.
E ali ficaríamos a conversar se todo o tempo do mundo em areia, numa ampulheta lenta, tivéssemos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário